DIA 4 | GASTÃO CRUZ | HOMENAGEM
A homenagem a um escritor é “marca d’água” do Festival Literário Internacional de Querença.
A 3ª edição do FLIQ distingue: GASTÃO CRUZ
O dia 4 de Agosto, sábado, será inteiramente dedicado a Gastão Cruz (Faro, 1941), notável autor que mudou o rosto da literatura portuguesa contemporânea. Poeta, crítico literário, encenador e tradutor. Ligado à Poesia 61 e a Os Cadernos do Meio-Dia e a traduções de Blake, Cocteau e Shakespeare. Gastão Cruz recebeu o Prémio D. Dinis com Crateras (2000), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com Rua de Portugal (2004) e o Correntes d\’Escritas com A Moeda do Tempo (2009). Em Querença, estará entre especialistas, amigos e interessados na sua visão do mundo e das letras. Além de uma exposição que reflectirá o seu percurso poético e de vida, estão previstas leituras e uma conferência de que farão parte nomes como o de António Carlos Cortez e Fernando Martins. A escritora Lídia Jorge conduzirá a conversa.
ATRIBUIÇÃO EM QUERENÇA DA MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL A GASTÃO CRUZ
A Medalha de Mérito Cultural a Gastão Cruz será entregue pelo Ministro da Cultura no dia 4 de agosto, no âmbito da realização da 3.ª edição do FLIQ – Festival Literário Internacional de Querença, que integra este ano uma homenagem ao escritor.
Gastão Cruz nasceu em Faro, a 20 de Julho de 1941. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A poesia acompanhou-o desde muito novo, datando do período em que esteve na faculdade o início da sua colaboração em diversos jornais e revistas, com poemas e artigos sobre poesia. Cite-se, a título de exemplo, os Cadernos do Meio-Dia, publicados em Faro, sob a direção de António Ramos Rosa e de Casimiro de Brito. Nessa época, colaborou também na publicação coletiva Poesia 61, título que reuniu Casimiro de Brito, Luísa Neto Jorge, Maria Teresa Horta e Fiama Hasse Pais Brandão, com quem foi casado. Ainda nos tempos da universidade, Gastão Cruz participou ativamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da Antologia de Poesia Universitária (1964).
Gastão Cruz tem desempenhado desde então um importante papel na divulgação, promoção e crítica da poesia e da literatura em geral, bem como do teatro e da música, tendo reunido, pela primeira vez, os seus ensaios sobre poesia em 1973, no livro A Poesia Portuguesa Hoje. A Vida da Poesia – textos críticos reunidos (Assírio & Alvim, 2008) constitui a mais recente recolha de todo o seu trabalho. Foi, em 1975, um dos fundadores do Grupo Teatro Hoje (posteriormente fixado no Teatro da Graça), que dirigiu e/ou codirigiu e para o qual encenou peças de Crommelynck, Tchekov e Strindberg, assim como uma adaptação do romance Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira.
Traduziu poetas como William Blake (Doze Canções de Blake. O Oiro do Dia, 1980), Jean Cocteau (O Filho do Ar, Relógio d’água,1998), Jude Stéfan e Sandro Penna, assim como peças de Shakespeare (O Conto de Inverno, Relógio D’água, 1994) e Strindberg (O Pelicano, Relógio D’água, 1993), entre outros. Entre 1980 e 1986, viveu em Londres, onde foi leitor de português no King’s College, Universiy of London. é um dos diretores da Fundação Luís Miguel Nava e da revista de poesia Relâmpago, publicação editada pela referida fundação.
Autor de uma obra muito diversa, publicou, entre outros, os títulos A Morte Percutiva (1961), A Poesia Portuguesa Hoje (1973), Campânula (1978), Órgão de Luzes (1990), Transe – Antologia 1960-1990 (1992), As Pedras Negras (1995), Poesia Reunida (1999), Crateras (2000), obra que recebeu o Prémio D. Dinis, naquele ano. Além do Prémio D. Dinis, o autor tem visto a sua obra amplamente reconhecida e premiada, tendo também já recebido as seguintes distinções: Prémio do PEN Clube Português de Poesia, nos anos de 1985, 2007 e 2014 (pelas obras O Pianista, A Moeda do Tempo e Fogo), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/CTT, em 2002 (pela obra Rua de Portugal), o Grande Prémio de Literatura DST, em 2005 (pela obra Repercussão), o Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, em 2009 (pela obra A Moeda do Tempo).
Em 2013, a Fundação Inês de Castro, de Coimbra, prestou-lhe homenagem, com o Prémio Tributo de Consagração. O Prémio de Tradução da Casa da América Latina foi-lhe atribuído em 2015, pela tradução do livro Troco a Minha Vida por Candeeiros Velhos (Abysmo) do poeta colombiano León de Greiff. Traduziu igualmente os poemas do poeta colombiano Porfirio Barba-Jacob, incluídos na antologia bilingue Todos os Sonhos do Mundo (Fernando Pessoa/Porfirio Barba Jacob), Tragaluz Editores, Medellín, 2012. A sua poesia foi reunida no volume Os Poemas (Assírio & Alvim, 2009). Em 2010, 2011, 2013, 2015 e 2017 publicou, respetivamente, os livros de poemas Escarpas, Observação do Verão, Fogo, Óxido e Existência. Assim, em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada à poesia, à produção literária e à escrita, difundindo amplamente a Língua e a Cultura portuguesas, ao longo de mais de cinquenta anos, entende o Governo Português prestar pública homenagem ao escritor GASTÃO CRUZ, concedendo-lhe a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL