Presidente da FMVG apresenta livro sobre a infância em Loulé
Família, escola e rua. Um trio de contextos que alicerça a infância e a modelação dos valores do ser humano em crescimento. Esta foi uma das ideias-chave defendida por João Silva Miguel, em Loulé, na apresentação do livro coordenado por João Pedro Gaspar e Paulo Guerra.
O presidente da Fundação Manuel Viegas Guerreiro é um dos autores de O que se passa na infância não fica na infância e, no passado dia 6 de Julho, no auditório do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, participou da apresentação do livro acompanhado de outras duas autoras: Sónia Almeida e Rosário Farmhouse.
A colectânea de textos persegue o combate aos maus tratos infantis, reunindo 50 textos de vários autores. Entre eles, Álvaro Laborinho Lúcio, Joana Marques Vidal, Marta Santos Pais, Pedro Strecht, Rosa Clemente e Rute Agulhas.
Na apresentação colectiva, todos sublinharam a relevância do livro no alerta para o direito das crianças a uma infância feliz, sem traumas que, ocorrendo na infância marcarão para sempre todo o ser humano.
Algumas das histórias narradas revelam pedaços de vida em quadros de famílias harmoniosas e felizes. Outras narram infâncias desavindas, nas quais os autores são sujeitos a situações de violência e opressão, perpetradas por familiares ou por professores. São relembrados aqueles que deixaram uma marca de verdadeiros mestres, mas também os responsáveis pela marca da agressão, cujo nome, destes últimos, esqueceram. Recorde-se, por exemplo, que a régua constituiu instrumento de castigo corporal até aos anos 90 do século passado.
Ao longo das 242 páginas do livro, a rua surge como centro de brincadeiras, de relacionamento, de sã convivência e é constantemente relembrada, também pelo significado de liberdade que lhe está implicitamente associada.
Na análise que fez da obra, o presidente da Fundação destacou os espaços da família, da escola e do espaço exterior, livre, como elementos omnipresentes num crescimento feliz e na modelação dos valores em desenvolvimento.
«A conjugação desses fatores» – ressalta João Silva Miguel – «contribuiu para a formação e consolidação dos valores que hoje constituem e formam a personalidade de cada um.»
O presidente da Fundação destacou que o livro corresponde a um mosaico sociológico do país no período abrangido, apesar dos mais de 70 anos de diferença de idade entre o autor mais novo e o mais velho. «A ruralidade, a pobreza, a fome, a mortalidade infantil e outras fraquezas sociais imperavam e eram incompatíveis com uma infância feliz.» – considera ainda.
João Silva Miguel concluiu a sua apresentação com uma citação de Benedict Wells, em ‘O fim da solidão’, lembrada por um dos autores: «Uma infância difícil é como um inimigo invisível. Nunca se sabe quando nos vai atingir».
O livro O que se passa na infância não fica na infância tem a chancela da novel Editora D’Ideias, representada na sessão de Loulé por Paula Valente.