COLECÇÃO ANTÓNIO RAMOS ROSA DO CEA-LG
Até ao final do ano
A mostra bibliográfica que aqui se apresenta em três vitrines integrou o programa da Aula Livre n.º 4, sob a égide de António Ramos Rosa, Ele escrevia sol. A Aula e a pequena exposição inserem-se no centenário do nascimento de um dos maiores vultos da poesia nacional. Ramos Rosa, um dos mais prolíficos autores algarvios, tem Faro como cidade-berço.
A sua obra poética ultrapassa a meia centena de títulos. José Tolentino Mendonça prefacia na antologia organizada pela filha, Maria Filipe Ramos Rosa (Assírio & Alvim, 2013): «[António Ramos Rosa] construiu um corpus poético absolutamente invulgar, em qualidade e em dimensão.»
O conjunto de livros do poeta e de outros autores sobre a sua obra, guardados no Centro de Estudos Algarvios Luís Guerreiro, representa apenas um fragmento de um legado muito mais extenso de Ramos Rosa, com mais de 80 livros publicados. Ainda assim, constitui uma colecção significativa, atravessando as décadas de 70, 80 e 90, pontuando títulos até 2012, como Algarve – 12 poetas a sul do seculo XXI,(Livros Capital), prefaciado por António Carlos Cortez e Correspondência 1952-1978 de Jorge de Sena e António Ramos Rosa (Guimarães Editores), com participação de Agripina Costa Marques. Ambos editados um ano antes da morte de António Ramos Rosa.
A singularidade deste acervo assenta ainda no facto de que ela integra, na sua maioria, primeiras edições. Alguns títulos incluem fac-símiles de poemas manuscritos. Outros, desenhos de Ramos Rosa. E da sua obra de partilhas também se encontra aqui a sua escrita com outros autores, de que é exemplo Duas Águas, Um Rio, a quatro mãos com Casimiro de Brito (Dom Quixote, 1989) e Declives (1980), em co-autoria com Artur Cruzeiro Seixas, exibindo o seu desenho tríptico, desdobrável.
Áudio e fotografia também fazem parte desta panóplia de oferta. É o caso de Cada árvore é um ser para ser em nós (In-libris – Sociedade para a Promoção do Livro e da Cultura, 2002), que inclui um compact disc especialmente produzido para esta publicação e fotografias de Paulo Gaspar Ferreira, que assina também a concepção gráfica e a coordenação editorial do mesmo título.
A profusão de editoras é assinalável, assim como a origem da impressão desta colecção que vai de Faro a Guimarães, de Sintra a Lisboa, do Porto à Póvoa de Varzim.
Crê-se que quase todos os livros de Ramos Rosa presentes em Querença foram reunidos por Luís Guerreiro, o engenheiro das letras, nas palavras de Joaquim Magalhães. Apesar disso, é justo assinalar o caso de A poesia moderna e a interrogação do real – II (Arcádia,1980), aqui exposto, oferecido pela investigadora Ana Isabel Soares, aquando da colaboração da investigadora no caderno Tributo a Luís Guerreiro (2020). O mesmo se aplica aos títulos que a Fundação Manuel Viegas Guerreiro recentemente adquiriu: António Ramos Rosa, Fotobiografia (mencionado supra) e Ele escrevia sol, nos cem anos de António Ramos Rosa (Poética Edições, 2024), com coordenação de Pedro Lopes Adão que também participa, remotamente, na sessão que celebra o centenário do Poeta.
A propósito da Aula Livre n.º 4, registe-se que este acervo reúne três livros de Ana Paula Coutinho Mendes, oradora de honra da sessão. São eles: Antologia Poética de António Ramos Rosa (Dom Quixote, 2001), com selecção, prefácio e bibliografia da investigadora; autoria em Mediação crítica e criação poética em António Ramos Rosa (Câmara Municipal de Faro, 2003); e António Ramos Rosa, Fotobiografia (Dom Quixote, 2005). Estão expostos numa vitrine.