Lídia Jorge no coração do FLIQ, nos 25 anos da Fundação
Raiz, infância, livros, natureza e utopia aliam-se a conferências, arte, exposições, leituras e música, num enlace festivo de (re)encontros. A 5.ª edição do Festival Literário Internacional de Querença (FLIQ) – alinhado para os dias 19, 20 e 21 de Setembro – tece-se sob a trama de Os grandes navios da Terra, apontando para a metáfora da alfarrobeira no poema narrativo de Lídia Jorge, figura maior da Literatura nacional e do mundo, a homenageada deste FLIQ.
Investigadores, ensaístas, poetas e tradutores coligem saberes em torno da obra da escritora. Música, leituras, várias exposições de vertente artística e documental e outras instalações ampliam em conjunto o singular e notável legado de Lídia Jorge, em múltiplas dimensões e ao longo de três dias.
Viriato Soromenho-Marques, Guilherme d’Oliveira Martins e Pilar del Río são alguns dos nomes convidados para abrir ou encerrar cada um dos dias do FLIQ, respectivamente: 19, 20 e 21. As conversas serão alimentadas por outros conferencistas também já confirmados. Entre eles: António Sáez Delgado, Catherine Dumas, José Carlos Barros, Luís Cardoso, Maurício Vieira, Maria da Conceição Brandão, Nazaré Torrão, Paulo Guerra, Pierre Léglise-Costa e Rogério Canedo. Ao leme da moderação dos dois painéis de sábado, intitulados Caminhos para o Mundo e A escrita da Terra, estarão Manuel Célio Conceição, professor associado na Universidade do Algarve e Maria João Costa, jornalista.
A Orquestra do Algarve, pela mão de Pablo Urbina, será responsável pelas primeiras sonoridades do FLIQ, na sexta-feira à noite. Pelos fios dos versos, assim a casa seja dá título às leituras musicadas de Amélia Muge e Filipe Raposo, agendadas para sábado, dia em que se sumaria também a presença de um grupo juvenil do Conservatório de Música de Loulé.
Numa incursão pelas artes plásticas, já estão em labor as Women’s Art, grupo de artistas portuguesas e espanholas que irão expor as suas pinturas no FLIQ, assim como um conjunto de jovens que, em contexto escolar, se encontra a explorar a obra de Lídia Jorge através de banda desenhada.
A celebração da Literatura irá decorrer em vários palcos, interiores e exteriores, emoldurada pelo riquíssimo património vegetal e geológico de Querença. O Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro, o Auditório e a Praça da Fundação, o Centro de Estudos Algarvios Luís Guerreiro e toda a área envolvente da aldeia vestem-se de Palavra, da prosa à poesia, dos contos infantis aos romances, da dramaturgia às crónicas e às teses académicas sobre a obra de Lídia Jorge.
A escritora reúne três cátedras da Língua Portuguesa: a mais recente, de 2024, da Universidade Federal de Goiás (a primeira da rede Camões no Brasil a homenagear uma escritora); a da Universidade UMass Amherst, no Massachussets, EUA (2022); e a da Faculdade de Letras da Universidade de Genebra, Suíça (2020).
A escritora tem vindo a ser reconhecida através de vários prémios literários nacionais e estrangeiros, entre eles o Prémio Albatros da Fundação Günter Grass, o Prémio FIL de Literaturas em Línguas Românicas de Guadalajara ou, recentemente, o Prémio Médicis Étranger (2023) pelo romance Misericórdia. Nota para a também recente distinção: as insígnias de Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres – a mais alta distinção cultural atribuída pelo Ministério da Cultura francês.
Lê-se em Alfarrobeira do caminho: «Estremeceram as minhas Folhas Verdes. A criatura, que batia ondas ao fundo, era o Oceano. O Tempo de dentes cariados compreendeu.Desceu as pálpebras vermelhas e pôs-se a dormir. Tínhamos o caminho livre. Cheios de tempo, o Oceano combinou comigo que eu iria estender os meus braços na direcção dos seus navios, e ele avançaria terra acima até chegar aos meus troncos. Grande é a proeza do Amor, a sua Música e os seus olhares entornados.»
Assim seja o FLIQ 2025.
Fique atento aos próximos desenvolvimentos.
A partir da 5.ª edição, 2025, o FLIQ assume periodicidade bianual.
Apoios | Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve-Unidade de Cultura, Município de Loulé, União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim.
Parcerias | Comunidade local e escolas do Algarve juntam-se à festa germinada na aldeia do barrocal algarvio, celebrando os livros e o pensamento além-fronteiras.
MAIS SOBRE A ESCRITORA HOMENAGEADA | Lídia Jorge estreou-se em 1980 com o romance O Dia dos Prodígios, mas foi com A Costa dos Murmúrios, publicado em 1988, que a sua obra se afirmou em Portugal e no estrangeiro. Além de romance, tem publicado contos, ensaios, crónicas, teatro e livros para a infância. Entre os títulos mais destacados no domínio da ficção, contam-se O Vale da Paixão, O Vento Assobiando nas Gruas, Os Memoráveis ou, mais recentemente, Misericórdia. Os seus livros estão traduzidos em mais de vinte línguas tendo recebido os principais prémios nacionais e vários estrangeiros, entre eles o Prémio Albatros da Fundação Günter Grass, o Prémio FIL de Literaturas em Línguas Românicas de Guadalajara ou, mais recentemente, o Prémio Médicis Étranger de 2023. A Costa dos Murmúrios e O Vento Assobiando nas Gruas foram adaptados ao cinema, respectivamente, por Margarida Cardoso e por Jeanne Waltz. Lídia Jorge é cronista assídua do Jornal de Letras, Público e El País. Desde Março de 2021, é também membro do Conselho de Estado.
