Morreu ontem a escritora Teresa Rita Lopes, aos 87 anos.
Faro, 1937 – Almada, 2025
Teresa Rita Lopes faleceu ontem em Almada. Cidadã de causas e militâncias e escritora algarvia e professora universitária. Referência internacional no estudo da obra de Fernando Pessoa. O jornal Público nomeou-a como uma das grandes “arqueólogas” de Pessoa. O filho, Vasco Lima, apelidou-a de “Mestre, Escritora, Mãe, Avó e Bisavó”.
Foi uma das investigadoras mais relevantes da fase inicial dos estudos pessoanos. Durante o Estado Novo, impediu que o espólio do escritor saísse do país. Teresa Rita Lopes estava exilada em Paris. Foi premiada em vários géneros: Prémio Cidade de Lisboa 1988 – poesia; Prémio Eça de Queirós 1997 – poesia; Prémio Pen Club 1990 – ensaio; Grande Prémio de Ensaio Unicer/Letras e Letras 1989 – ensaio; Prémio de Teatro APE, 2001.
Em Querença, no Algarve, em Maio de 2017, a Fundação Manuel Viegas Guerreiro dedicou um dos três dias do Festival Literário Internacional de Querença a uma homenagem a Teresa Rita Lopes. Com um painel de amigos e seguidores, pares e discípulas, Teresa Rita disfrutou das sessões de Palavra, em diálogo, mas também encenada e cantada. Sorriu com o ar do campo, com a partilha dos saberes múltiplos.
Luísa Monteiro e Paulo Moreira apresentaram a leitura encenada “As (c)asas da Teresa”. Seguiram-se intervenções de vários autores sobre a homenageada e a sua obra: Anabela Almeida, Catherine Dumas, Clara Seabra, Carlos Brito, Manuel Alegre (mensagem enviada), Manuel Moya, Maria João Serrado e Teresa Carvalho.
A exposição documental Teresa Rita Lopes; Uma Paisagem de Mim, comissariada pela investigadora Patrícia de Jesus Palma, trouxe até à Biblioteca de Querença documentos, retratos, cartazes e poemas que narram as suas três cidades natais: Cacela, Lisboa e Paris. Itinerários, memórias e metamorfoses da homenageada trilharam esse caminho de descoberta ou do aprofundar do conhecimento sobre a produção literária da escritora. Sobre as qualidades humanas e intelectuais de Teresa Rita Lopes.
Recorde-se um poema inédito que a escritora enviou à Fundação um ano após a homenagem, para que fosse lido na inauguração do banco do Jardim Sensorial, junto à Fundação, onde repousa um dos seus poemas:
POEMAS PÁSSAROS
Os poemas acontecem-me sem os chamar:
São pássaros que me vêm poisar
nos ombros e nos cabelos!
Deixam-me as mãos livres para os escrever!
Mas fogem, quando os tento acariciar!
Assim vos amo, quanto mais livres
mais belos!
E outro que nos lembra a recriação da fachada de uma casa algarvia na Biblioteca da Fundação:
a barrinha azul ao comprido da fachada
branca
é para rimar
com o debrum a mar
ao longo
do horizonte
Azul
rima
com Sul.
Homenagens póstumas:
Segunda dia 16 Junho – 15h30 Velório – Igreja Nossa Senhora Fátima (Feijó)
Terça dia 17 Junho – 13h – Sai para a cremação no Cemitério de Vale Flores (Feijó)





Divulga-se um olhar sobre o tributo da Fundação, em 2017, num vídeo editado a partir do resumo dos três dias do FLIQ, oferecido em DVD no livro FLIQ: Catálogo 2018.
Nele se testemunha a energia e a alegria de Teresa Rita Lopes, e os amigos que a acompanharam.