Ponto a Ponto enceta remate
Mantas de lã em croché e estórias encontram‑se em Querença, no Algarve. Sessão de apresentação ao público é já no próximo sábado, 8 de novembro.
Na Fundação Manuel Viegas Guerreiro, facilita-se o convívio, pelas artes, a pessoas de todas as idades e origens. Desperta-se a curiosidade pelo património cultural e imaterial da aldeia. Transfere-se para um par de mantas o pensamento transdisciplinar, criativo e integrador, e dois ismos do antropólogo Manuel Viegas Guerreiro: humanismo e multiculturalismo.
Em Querença, desde Maio que se tricotam mantas em encontros informais no espaço da Fundação ou dentro de casas dispersas pela freguesia e no Lar da aldeia. Uma das mantas tecidas, apelidada de Manta FLIQ, foi criada a partir de uma ideia única, de fio corrido único, condutor de estórias, de pontos e cores – cinco no total – com o objectivo de oferecer à escritora Lídia Jorge uma manta comunitária, em Setembro, no culminar do 5.º Festival Literário Internacional de Querença, promovido pela Fundação que homenageou a renomada autora.
Em Abril, a iniciativa da Fundação ganhou escala ao aderir à open call do Teatro Nacional D. Maria II e da Fundação Calouste Gulbenkian para a participação de artistas ou agentes culturais no Programa Ideias a Atos.
Apoiada pelo Atos, a ideia da Fundação prosseguiu na criação de mantas irmanadas da Manta FLIQ. Outras mantas têm sido geradas, em simultâneo, a partir de rosetas.
O projecto artístico participativo com a comunidade tem guia de continuidade até Janeiro de 2026, altura em que as Manas Rosetas serão leiloadas na Festa de São Luís, santo protector dos animais, também conhecida como Festa das Chouriças, realizada no terceiro domingo do mês inicial. A verba conseguida no leilão será oferecida ao Lar de Querença.





Instantes das várias sessões de Ponto a Ponto na Fundação | Fotografia @ FMVG | Marinela Malveiro
Enquanto as linhas de lã se cruzam, conversas são registadas e partilhadas pela Fundação. Estórias de vida, violência doméstica, matriarcado, bullying, lengalengas, bruxaria e mesinhas. De um pouco de tudo se cobrem os encontros entre a comunidade. No grupo, há quem diga que estas sessões são melhores do que uma caixa de comprimidos. Alguns desses registos podem ser recapitulados na revista da Fundação, Raiz (n.º 43, pp. 22-28), no Facebook e no vídeo a estrear na abertura da sessão de sábado. O filme resume os encontros ao longo do ano junto do grupo de 11 pessoas que se reuniu na Fundação em mais de dez sessões informais.
Ponto a Ponto é um dos 25 projectos apoiados pelo Programa nacional Ideias a Atos, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II e da Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com as Câmaras Municipais de Funchal, Lamego, Loulé, São João da Madeira, o Teatro Micaelense e o _ARTERIA_LAB – Universidade de Évora. No concelho algarvio, “Ponto a Ponto” faz parte de um leque de sete ideias apoiadas, que se estendem a Alte e a vários locais da cidade de Loulé.
Puxe o fio à meada connosco! Entrada livre para todos os públicos.